segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

VIVENDO SEM MÁSCARA

VIVENDO SEM MÁSCARA

Há quem diga que viver é uma arte, talvez por isso é que muitas pessoas vivam representando como se o mundo fosse um enorme palco.

A humanidade vive em sociedade como se todos os dias fossem á um baile da fantasia. Quando nos preparamos para ir trabalhar, estudar ou fazer qualquer outra atividade social, levamos conosco uma máscara que usamos assim que colocamos nossos pés fora da privacidade do nosso lar.

Assim, completamente “montados” saímos para dar o nosso showzinho particular dividindo o palco da vida com centenas de outros atores, que igualmente, tentam desempenhar seu papel com a maior naturalidade possível. E claro, como todos trabalham nessa peça, temos que manter a sincronia de forma a nos sentirmos forçados a nos “adaptar” ao meio onde atuamos, digo, vivemos. Nos “adaptamos”, nos “acomodamos”, nos “ajustamos”, nos “harmonizamos”, ou seja, nos “conformamos”, afinal todos esses verbos são sinônimos. E se não conseguirmos pô-los em pratica, somos enxotados e outro é escolhido em nosso lugar. Essa é a realidade, quanto mais soubermos fingir, mais teremos sucesso para viver no meio social.

Quando chegamos em casa depois de um dia exaustivo de trabalho, despimos nossas roupas que usamos para labutar juntamente com nossa máscara, tomamos uma deliciosa ducha e de cara limpa colocamos aquela roupinha leve e casual e, então, nos encontramos com nosso verdadeiro “eu”.

Como seria bom se pudéssemos ser nós mesmos onde quer que fossemos! Se as pessoas parassem de mentir sobre si mesmas e se dessem a chance de aprender com os outros, enquanto que, os outros aprendessem consigo. Se as pessoas proferissem mais a frase “não sei” ao invés de usarem máscaras de intelectuais de quinta categoria (Sim, de quinta, porque a verdadeira sabedoria inclina o homem a aprender, pois ela mesma nos revela que ninguém nasce sabendo). Oxalá as pessoas chorassem quando estão tristes ao invés de esconderem suas mágoas sob a máscara da satisfação, quando sob ela está um olho inchado, e debaixo das indumentárias de personagem teatral existe um coração despedaçado. Por que usar máscara quando é tão melhor conhecermos as diferenças reais do que lidarmos com a falsidade conjunta? Quando é tão mais fácil ser nós mesmos a viver imitando comportamentos que muitas vezes nem louvamos?

Até na igreja existe máscaras. Os pastores se fantasiam de homens sérios, literalmente falando, trancam a carranca e procuram manter uma postura de autoridade, no entanto, é só vê-los em suas casas para descobrir que muitos deles sabem sorrir, alguns até gostam de brincar e podem relaxar em frente a uma tevê, de tal forma que alguns que lhe são subalternos pegam-se tentados a pensar:

“Meu pastor é bipolar, porque ele é tão diferente na igreja!”

Pasmem, mas eles também usam máscaras. A preferida da maioria é a da “santidade”, todavia, basta chegarem em casa para tirarem-na e relaxarem vestindo a “roupa leve” da humanidade, como se ambas as coisas não pudessem conviver perfeitamente. É que, como em sua casa todos o conhecem muito bem, seria mais difícil atuarem, e por isso, a igreja, que é figurada em toda a bíblia como uma família, não conhece realmente seus irmãos e muito menos seus pastores, além da máscara que eles usam. Graças a Deus alguns ministros do evangelho já acordaram para entender que santidade é a “separação do mundo” e não “no mundo” e com esse entendimento permitem-se serem conhecidos pelo rebanho, como pessoas comuns que foram resgatados para viverem em comunhão uns com os outros.

Sim, a vida é uma arte e o grande problema é que os homens tais como artistas estão aos poucos abrindo mão de sua autenticidade e vivem copiando as inspirações alheias. Que graça há em qualquer obra de arte se o artista se satisfaz a copiar ao invés de criar e acrescentar beleza ao que já existe? Exatamente assim é como vivem muitas pessoas que nos rodeiam: imitam os comportamentos ditados pela sociedade sem acrescentar-lhe nada e sem ao menos se darem a dignidade de julgá-los.

Penso que Deus fez o homem para acrescentar ao próximo, e não vejo como isso pode ser feito se o mundo não passa de uma grande copiadora, transformando cada ser humano em cópias xerocadas um do outro. Deus nos fez a cada um, seres únicos, dotando-nos individualmente de capacidades impares para que somadas aos de nosso próximo pudéssemos engrandecer o mundo. Não vejo lógica alguma em termos de viver como quem precisa decorar um texto para atuar em cada lugar que formos: devemos agir e até pensar segundo o nosso meio ou nos sentiremos isolados.

O ser humano é tão complexo que, embora tenha a tendência de querer ser o centro do universo e cada qual deseja que o outro emolde-se nele, pensando como ele pensa, agindo segundo o seu padrão de comportamento, abraçando ideias que não firam suas crenças, notamos que o homem é uma das criaturas, senão, a criatura mais hipócrita existente, uma vez que, embora queira ser a matriz de milhares de clones, ele mesmo se submete, em nome da mídia e do sistema sob o qual vive, a deixar-se transformar em simples cópia humana, vivendo sob a regência daquela e imitando as tendências que ela dita. Isso é por demais ridículo! O ser humano está se submetendo ao mesmo nível que os cães, deixando-se comandar pela mídia, e a seu comando, senta, levanta, anda e para. Não é raro ouvir-se frases como esta:
“Hoje em dia todo mundo se utiliza de chats de relacionamento, então porque eu também não o faço”?

“Todo mundo usa esse tipo de roupa, então porque eu também não posso usá-las?”

Quem tem filhos adolescentes está cansado de ouvir esta frase:

“Mas, mãe/pai, todo mundo usa, porque eu também não posso?”

(e não adianta perder seu tempo explicando o mau gosto de quem inventou a tal coisa que “todo mundo usa”, pois só o fato de estar aprovado pela mídia, já se cria no sujeito uma dependência daquilo.)

Porém, para quem ama a autenticidade isso lhe cai como um soco no estômago e a pergunta inverte-se: “Porque eu tenho que usar isso só porque todo mundo usa?” Esta é a frase mais coerente a um ser pensante, já que, é claro que gosto é algo muito individual, podendo ou não condizer com o do outro. Isso é tão natural, porque não aceitamos? Assim como nossas digitais não são idênticas, ou nossos corpos não são iguais ao de todo mundo, ou nossos cabelos, que podem ser mais crespos ou mais macios, grossos ou de fios finos, o que há de tão errado em nossa linha de pensamento e tendências serem discrepantes a de alguém?

Por que sermos todos iguais, se o próprio Deus nos deu o livre-arbítrio? É obvio que a própria palavra presume que o homem deve fazer escolhas, então, por que não podemos escolher como agirmos, pensarmos, falarmos ou nos vestirmos sem sermos apedrejados por causa de nossas escolhas pessoais?

Claro que em tudo deve haver moderação e ponderação, e não quero dar a impressão que liberdade casa-se com libertinagem. Mas, o que quero dizer é que dentro do bom senso deve haver democracia. O que não está certo é que os homens permitam-se viver sob o regime opressor da mídia, dizendo crer no que duvidam ou saber o que nem ao menos conhecem. Personalidade e autenticidade são duas palavras que poucos conhecem no século 21.

As pessoas têm vergonha de não possuírem, e querem a todo custo que os outros lhe vejam como importantes, não percebendo que o preconceito inicia-se consigo mesmas.

Os maiores reformadores e revolucionários da história foram homens com personalidade. Pessoas sem personalidade são escravas do meio onde vivem. São como mendigos que sobrevivem do sobejo dos outros, enquanto que, os de personalidade são livres, podendo construir sua própria visão da vida, sabendo respeitar as diferenças, sem, no entanto, serem indiferentes as suas próprias convicções.

Ter personalidade nada tem a ver com ser ignorante. O sábio está sempre aberto a aprender e aprimorar seus conhecimentos. Todavia, repudiar suas opiniões por motivo de se ver engrenado em um meio, é no mínimo, pobreza de mente.

O mundo está tão desgraçadamente cheio de hipocrisia que algumas verdades foram distorcidas, já que ninguém quer se dar ao trabalho de enfrentar questionamentos e refutações. As pessoas cumprimentam as outras mesmo não se dando bem com elas, e até deixa-lhes escapar um sorriso, porque é mais fácil dizer “oi” e sorrir, do que jogar limpo e esclarecer o que lhe incomoda, e assim, vestem a máscara da “simpatia”, quando, na verdade, por baixo dela está a “falsidade”. Simpatia e falsidade até se confundem, quando alguém “monta-se” para atuar no palco da vida.
Outros, perguntam-lhe sobre sua vida, mascarados de “preocupação”, quando, sob ela existe “maldade”, e por causa dessas constantes atuações pelas quais somos obrigados até mesmo a participar, não conseguimos confiar em ninguém, afinal, como saberemos, se alguém não está apenas atuando?

Seria muita ingenuidade minha querer dar a entender que mudaremos o mundo expondo o nosso inconformismo ou até mesmo desafiando o sistema que nos rege, mas, por outro lado, é muito verdadeira a afirmativa de que quando não aceitamos alguma coisa a nossa volta, o mínimo que podemos fazer é mudar a nós mesmos, desviando-nos de fazer parte do erro, pois cada um que assim fizer estará ao longo do tempo recrutando um grande exército que, um dia, mudará, senão todo o mundo, mas uma parte dele.

Está aí como exemplo a democracia que aos poucos vai vencendo a ditadura; as igrejas aceitando sua condição de seres humanos resgatados, livrando da prepotência de olharem-se como resgatados dos seres humanos (porque muitos se acham semideuses); a libertação da escravatura também não se deu tão de repente e na verdade ainda está em processo, visto que existe muito preconceito racial; enfim...

O que quero dizer, em resumo, é:

Se não concordamos, se não aceitamos, se nos incomoda, não esperemos as pessoas decidirem mudar, façamos nós a diferença, lembrando-nos do adágio: “é de grão em grão que a galinha enche o papo”, ou seja, “a soma de cada individuo é que forma a multidão”.

E eu te garanto que nenhum de nós está puxando a fila, o inconformismo é coisa muito antiga, tanto quanto as pessoas decididas a mudar o curso da historia, portanto, anime-se, somos apenas mais um.

Leila Castanha

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Contemplando a Graça.

Contemplando a Graça.

A vida por vezes nos faz vivenciar momentos difíceis. Sobre esses momentos – lamentamos, choramos, reclamamos. Ou seja, acentuamos com muita ênfase os desencontros criados por esses dolorosos momentos. Tornamo-nos amargos quando nos perdemos na exagerada ênfase aos desencontros existenciais vivenciados.

Somos seres de incríveis possibilidades. Vivenciando essas possibilidades, podemos tanto sofrer a dor vivenciada, vivenciar o desagravo sofrido, e reagir com palavras contra todos os desaforos lançados contra nós, como enxergar e nos aprazer com aspectos de um dom, de uma beleza, de uma benesse, de uma dádiva – somente percebido quando fechadas as influências de nossos empíricos sentidos. Quando, por momentos bloqueamos os influxos de nossas demandas e exigências carnais aos nossos sentidos – damos liberdade à ação de nossa percepção espiritual. Com isso, nossos sentidos, mesmo os físicos, alcançam uma visão, uma audição muito mais perspicaz, fazendo-nos perceber a ação da admirável, maravilhosa e dinâmica graça de Deus.

Há alguns anos venho testemunhando essa graça. Vi a ação da graça de Deus através da vida de meus familiares, amigos, companheiros de profissão, de idéias, livros, alunos, obras de arte, paisagens, as Sacras Letras, enfim nos mais variados meios.

De meus familiares - na vida de meus pais – Laerço dos Santos e Eliane Castanha, percebo, no carinho e atenção dispensados a meu favor – a sombra do maravilhoso favor Divino. Neles percebo a graça da proteção e do amparo.

De minha esposa Ana Claudia e filhos, Gabriel e Larissa, percebo a graça da presença. Em um mundo em que tantos se sentem sós, me alegro com a disponível presença de quem amo. Se precisamos de presença de alguém que amamos – a presença efetiva dos meus, me fez perceber que sou rico em graça divina.

De minha cunhada Andreza avisto sempre a graça da simplicidade – impedindo que eu perca a agradável visualização do simples.

Dos meus velhos amigos, principalmente o Sergio e a Naná Gaia – visualizei a graça no riso e na doação - em nossos momentos de alegria, ao som de boa música, e constante disposição de se associar a minha vida, e por consequência, a meus problemas.

Da companheira Marcia Araújo, comunguei com a graça do favor, da participação efetiva nos combates que seriam particulares, se a associação de minha companheira a esses entraves eliminasse deles o status de “problemas privados”.

Na vivência pedagógica passei por momentos que me deram a quase que sensação da privação da graça, pelo menos no aspecto profissional. Porém, o amigo André Luiz, com sua conduta profissional séria e comprometida, ilustrou-me a graça em forma de comprometimento, como algo de bom que pode surgir até mesmo em ambientes onde o a falência do comprometimento pessoal e a seriedade parecem já serem atestadas.

Vi a graça de Deus na troca de ambiente profissional. A graça da passagem. No atual ambiente em que trabalho, tive a honra de conviver com profissionais que de várias formas mostraram aspectos graça de Deus.

Na vida da companheira Socorro Bastos – observei a graça da força de vontade e do engajamento. Não da força rústica do braço, mas na singela força de alguém que se dispõe a colaborar com o novo – desde que esse novo seja uma contribuição pessoal, cultural ou pedagógica.

A graça de Deus se fez percebida na companhia de Maiko Leandro. Na postura ética desse novo companheiro, percebi a graça da companhia agradável e sóbria. Sua presença tem a força de constranger posturas individualistas arrogantes e antiéticas.

Vi o sorriso em sua forma plena no rosto da colega Michela Luiza, juntamente a sinceridade e comprometimento. Na Michela, contemplei a graça como um dom alegre – que nos fortalece para assumir compromissos que nem sempre nos dão algo direto em troca.

A graça, já dizia Paulo, o apóstolo, é multiforme. Com a forma de criatividade, razoabilidade e de ação – testemunhei a presença da Graça em minha recente proximidade com o companheiro Gilson Costa.

Como a palavra que alegra, a graça de Deus se fez visível nos bate-papos formais ou informais com os professores Roberto, Tiago Oliveira, Fábio e Felipe David, as professoras Cenira, Edna, Wandir, Cláudia, Ideuza, Leila e Elizângela. Grandes e interessantes troca de idéias.

Vi a graça de Deus, nas trocas de idéias com os companheiros e companheiras, professores Marcos, Leonardo, na forma de alegria, reflexão ou mesmo, descontração. O companheiro Amaury também, com seu caráter e postura foi um transmissor da graça e também a companheira Carla, que transmitiu-me a graça como forma de disponibilidade; agindo de maneira disponível e sempre sorridente.

Muitos alunos também se fizeram como demonstradores da graça de Deus. Na atenção por eles dispensada – às simples reflexões filosóficas abordadas em sala de aula, me deparei com a graça da misericórdia. Graça que possibilitou que tão pequena empresa e tão pouco saber, se fizesse valorizado por mentes sedentas de conhecimento.

Na troca de ideias física ou virtual com o companheiro personalista Daniel da Costa, vi a manifestação graciosa do Logos, que nos ajuda a manifestar agindo ou verbalizando a razão da esperança que nos move. Essa mesma manifestação percebi nos livros lidos, mesmo naqueles em que a concordância não foi alcançada. Através de leituras dissonantes, alcancei mais argumentos para construir minha pessoal imagem da vida. Dá-lhe Mounier – que foi um instrumento direto da graça de Deus para influenciar a filosofia a pensar na pessoa e através da pessoa escutar e visualizar aquEle que está além dela e as coisas que estão ao seu derredor. Emmanuel Mounier surgiu em minha vida como a graça do despertamento pessoal e da exortação a vivência da palavra que se professa. Embora ainda esteja distante da efetividade dessa vivência – essa graça em forma de exortação, me constrange da minha atual condição de ser - quem fala sem Ser, ou seja, sem viver a palavra falada. A graça exortativa me incomoda sem deixar de me consolar – pois aquele que havia dito, o bem que quero fazer esse eu não faço, mas o mal que não quero fazer esse eu faço, teve como uma de suas últimas asserções: combati o bom combate, acabei minha carreira e guardei a minha fé. Com essas revelações, as Escrituras além da graça da palavra revelada, se revela a mim como a graça das possibilidades – inclusive a possibilidade de vencer o atual estado de impotência - de não conseguir fazer o bem que deseja, para a efetividade da ação benévola.

Contemplei também a graça como manifestação das possibilidades de superação e da liberalidade, nos trabalhos do companheiro de ideias Paulo Cesar Antunes em prol da Teologia Arminiana no Brasil -, que com o site Arminianismo.com - http://arminianismo.com/ – tirou o arminianismo, pelo menos na internet, do ostracismo, e através de seu gratuito esforço, tem ajudado a apresentar com propriedade essa linha teológica tão detratada e mal compreendida. No esforço do também companheiro Douglas, a graça se apresentou como estímulo, fazendo-me perceber, que acima de qualquer engenho humano que visa bloquear uma ideia ou ação – a graça de Deus dá-nos a liberdade de pensar e força para agir mesmo em meio à falta de recursos. Antes do esforço do companheiro Paulo César quase nada se conhecia sobre o arminianismo no Brasil. Agora, se associando a seus esforços, o amigo Douglas G. Martins nos oferece em seu site, Sociedade Arminiana em Língua Portuguesa, no endereço http://arminianos.wordpress.com/ interessantes textos de cunho arminiano/wesleyano – ajudando a transformar em fartura o que era no Brasil escasso, a saber a Teologia Arminiana. Portanto, na doação desses dois companheiros de idéias – vejo a graça de Deus como presenteadora e facilitadora, oferecendo-me recursos intelectuais em prol do alcance de mais conhecimento, mesmo em um ambiente quase que árido para a realização da minha busca por esses citados recursos intelectuais – de caráter teológico arminiano/wesleyano.

As paisagens... As paisagens naturais não carecem de interpretação, observando-as podemos nelas nos alegrar. A beleza por si só transmite-nos alegria e prazer. Na alegria e no prazer transmitido pelas paisagens naturais, vivencio a graça da criação divina. E viu Deus que Era Bom... De minha parte, nas paisagens naturais, vejo a graça em forma de excelência e perfeição.

Nas paisagens artificiais e nas diversas manifestações artísticas, contemplo o homem criativo, imagem e semelhança de Deus. No privilégio de ser imagem e semelhança do Altíssimo, vejo a graça da doação e da proximidade entre Deus e os homens, vista de maneira mais plena como graça do amor, que por tamanha proximidade, teve por seus os nossos problemas, tomando para si o que seria o nosso calvário.

É muita graça.

Senhor, a sua graça me basta.
Obrigado por percebê-la.
Peço, que nos momentos em que não conseguir visualizá-la
Ela, da mesma maneira, multiforme
Se faça visível a minha anuviada percepção.

Amém.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Intelectual por excelência.

Intelectual por excelência.

“Porque não basta compreender, é preciso fazer. O nosso fim, o fim último, não é desenvolver em nós ou em torno de nós o máximo de consciência, o máximo de sinceridade, mas assumir o máximo de responsabilidade e transformar o máximo de realidade à luz das verdades que tivermos reconhecido."(Emmanuel Mounier)

Quando falamos em intelectual, logo, surge-nos ideias como: pessoa com um vasto conhecimento; pessoa com muita cultura. Acrescida a essas ideias, vem-no a mente, de maneira implícita, que intelectuais são pessoas diferentes, reservadas, participantes de círculos acadêmicos ou intelectuais, que se distanciam das pessoas simples ou de ambientes não cultos.
Muito diferente dos conceitos que nutrimos sobre intelectual, idealizado como homem ou mulher de discursos e de gabinete, os filósofos franceses Jean-Paul Sartre e Emmanuel Mounier, em suas convicções e posturas se não eliminam esse equívoco, ajudam a desfazê-lo.
Sartre entendia que o papel do intelectual era o de ser porta voz da sociedade em que estava inserido. Segundo eles, intelectual, por definição, deve ser um sujeito que reflete sobre o seu mundo, sobre o seu tempo e os acontecimentos. Porém sua reflexão, longe de mantê-lo inativo, deve levá-lo à engajamentos de caráter humanitário. Sartre inclusive chega a distinguir a figura do cientista da figura do intelectual – apresentando os pesquisadores que não tem como finalidade última de sua pesquisa, conquistas humanitárias - como cientistas, ao passo que apresenta os pesquisadores engajados em prol da civilização humana, como intelectuais (1).
Emmanuel Mounier, com o seu personalismo, defendia que qualquer atividade intelectual deve ser uma atividade em prol da pessoa humana, com isso, implicitamente admite que o intelectual não deve ficar preso a espaços de ideias, com seu conhecimento deve agir em favor da sociedade humana.(2). Mounier denuncia os acadêmicos, por ele chamados de colecionadores de erudição, como meros pedantes que se aprazem com as apresentações de teses, independentemente da relevância humana ou social.
O Brasil conta com um grande intelectual -, intelectual como defendido por Sartre e Emmanuel Mounier, ou seja, um conhecedor e pesquisador engajado. Trata-se do Dr. Miguel Nicolelis.
Considerado o maior cientista brasileiro da atualidade, e um dos maiores cientistas do mundo, o neurocirurgião, Dr. Miguel Nicolelis visa introduzir educação científica em uma das regiões mais pobres do Brasil, com o intento de provar que a educação científica, além de promover desenvolvimento científico, promove desenvolvimento social. Escolheu sertão do Cariri, no estado do Rio Grande do Norte para dar provas a sua convicção. Usando a rispidez do espaço geográfico como figura das dificuldades existenciais e sociais, Nicolelis, no uso dessa figura emblemática, pretende mostrar a possibilidade da florescência de sementes culturais, intelectuais e socioeconômicas, mesmo em lugares onde a miséria social e as dificuldades geográficas impõem marcas de hostilidades. Além disso, investindo no sertão, está a contribuir pela descentralização do conhecimento e produção científica no Brasil, com uma região que não conta com investimentos - oferecendo oportunidades a partir da educação para as crianças da região.
Pensar na sociedade, pensar nos pobres, pensar no desenvolvimento humano deve ser a busca de qualquer pesquisador, de qualquer cientista. Torna-se um intelectual, o pesquisador que exerce o seu intelecto, a partir de seu campo de pesquisa, em favor de avanços que beneficiem a comunidade humana, e, que ajude a eliminar as desigualdades sociais, a falta de acesso educação, saúde, cultura, emprego, tecnologias e por fim último, a pobreza, além de incitar outras pessoas a seguirem o mesmo objetivo.
O Dr. Miguel Nicolelis com suas ideias, associadas a práticas efetivas deve ser colocado como exemplo para um novo perfil de pesquisador – o pesquisador engajado – em prol de pessoas. Na vivência de suas convicções criou no Nordeste Brasileiro:
Instituto de pesquisa; centro de iniciação científica para jovens alunos da rede pública, instituto de saúde para a mulher (para as mães de seus alunos) -, além de importar cientistas brasileiros residentes no exterior inaugurando o campus do cérebro.
Devemos valorizar figuras como o Dr. Miguel Nicolelis que fazem uso de seu intelecto em prol de avanços humanitários - divulgando suas posturas e práticas. Pessoas como Nicolelis têm qualidades para influenciar novos pesquisadores a também se engajarem a favor de avanços humanitários. Se a academia incita seus pesquisadores a buscar conhecimento para contribuir com a sociedade humana, consequentemente avançaremos em qualidade de vida.
Já era tempo de a era dos pesquisadores pedantes – pseudo-intelectuais ruir. Já é tempo de surgir um novo momento cultural, em que conhecimento também esteja associado a compromisso comunitário e humano, e inaugurado esse nesse novo tempo, no Brasil, Dr. Miguel Nicolelis pode ser, com todos os méritos, patrono.

Lailson Castanha

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(1) SARTRE, Jean-Paul. Em defesa dos intelectuais. São Paulo: Ed Ática, 1994.
(2) MOUNIER, Emmanuel. Manifesto ao serviço do personalismo. Lisboa: Livraria Moraes Editora, 1967.

Conheça um pouco mais o Dr. Miguel Nicolelis e seus projetos no Nordeste Brasileiro.
IINN – ELS
http://natalneuro.org.br/
Vídeo:
Mayara e Mariana
http://tvcultura.com.br/janelabrasil?sid=150
Vídeo:
Revista Galileu: Miguel Nicolelis, a mente brilhante da ciência brasileira
http://www.youtube.com/watch?v=rMS1oQLV25Q

Foto: Dr. Miguel Nicolelis

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ausência de mistério.

Emmanuel Mounier.

Quer se trate dum condutor do metropolitano, que de manhã à noite perfura bilhetes com uma vaga inconsciência, quer se trate dum pequeno rendeiro que dormita instalado no seu conforto, há vidas que nos levam a sentir-nos mal, pois que pensamos que são quase funcionalizadas, e que nelas vão estiolando, pouco a pouco, os secretos recursos, a capacidade de admiração e espanto. São, numa palavra, vidas sem mistério.
Face a tais inexistências, uma incoercível exigência se apodera de nós, a necessidade de um tudo isso descobrir um mistério, uma secreta plenitude do ser que não se reduza, como a aparência que temos perante os olhos, a um suceder de estados inconscientes, à história narrada por um idiota.
Uma tal exigência só pode ser reduzida ao silêncio por um ato arbitrário, um ato de violência que mutile a vida espiritual na sua própria raiz.

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MOUNIER, Emmanuel. Introdução aos existencialismos. Tradução de João Bernard da Costa. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1963.

Foto: Emmanuel Moinier

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

No Deserto de Mim

No Deserto de Mim

(Laerço dos Santos)


No deserto de mim

sinto-me mui carente

num clima escaldante,

de algo refrescante

careço para mim...


De alma a suplicar

febril sede obtida

e corpo inflamante

o oásis da vida

surge à me refrescar


São as intempéries

do meu ser, dia a dia

em sofrer e alegria

e nesse meu viver

prossigo em nova série!...


Até que desço o vale

que surge de repente

e belo rio em frente;

começo a mergulhar

livrando-me dos males!


Nessa lida vivendo

o meu ser revigora

vejo a nova aurora

oásis, rios, oceanos

e embates vencendo!


Laerço dos Santos.

Natural da cidade de Coruripe (AL) e tem 65 anos.

Cristão protestante exprime em seus versos a devoção pelo Deus trino dos cristãos, e pelos valores por ele apregoados, e também, o prazer pela sua terra natal, família, amigos e valores fundamentais para a constituição da pessoa humana.

Pode-se encontrar outras poesia do autor no blog O Ágape, no endereço: HTTP://oagape.blogspot.com

Em 2011, publicou o livro Poesia do Coração.

Foto: Laerço dos Santos

sábado, 15 de outubro de 2011

Acordai

Acordai
(Jorge de Lima)

Acordai,
Acordai alta noite para ver os cavalos noturnos que vêm ga-
lopando não se sabe de onde, e vão quem sabe lá? Vão galo-
pando, vão galopando. Eles vêm das guerras, vêm da escra-
vidão, vem de antigos horizontes, vêm da escuridão. Vão numa
carga ansiosa, danados escouceando pela amplidão.
E vão, quem sabe lá? Vão galopando. Vão galopando.
Cavalos sem cavaleiros, livres de relhos, de esporas, de trombe-
tas, de selins, livres de senhores, vão relinchando dentro das
ventanias.
E vão, quem sabe lá? Vão galopando.
Cavalos revoltados, acordai os homens que dormem. Escouceai
os homens que dormem, relinchai sobre os homens que dormem.
Cavalos sem cavaleiros, sem trombetas e sem baionetas, ca-
valos noturnos que galopais, sem cavaleiros, sem estandartes, e sem
estátuas; que galopais sobres as fronteiras, entre as estrelas e as cordilheiras, entre as cordilheiras e as constelações, acordai os ho-
mens que dormem, acordai os homens que dormem.

Jorge de Lima.
Jorge Mateus de Lima nasceu em União, que viria a se tornar União dos Palmares, Alagoas, em 1893 e faleceu no Rio de Janeiro, em1953.
Poeta, romancista e ensaísta. Profundamente católico; boa parte de seus versos foram dedicados à temas religiosos. É considerado um dos grandes nomes do modernismo brasileiro.
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LIMA, Jorge de. Poesias completas volume IV. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1974.
Gravura: Jorge de Lima

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Por uma educação educadora.

Por uma educação educadora.

Quando falamos em educação, estamos a abordar uma das questões mais inquietantes da vivência social. Sobre a educação diversos apontamentos já foram apresentados. Na hodiernidade, filósofos, psicólogos, sociólogos e pedagogos, juntamente com pensadores das mais diversas épocas, apontam ideias que, postas em prática, acreditam, melhorariam a vivência do sistema educacional. É muito fácil deduzir que as várias propostas apresentadas com a finalidade de transformar o modelo da educação, existem como resposta a certa crise vivenciada pela educação em vigor.

O atual modelo de educação tem como escopo ser uma educação libertadora, tendo como fim último incitar no aluno uma vivência autônoma. Nesse ambiente educativo, ser autônomo é participar do círculo escolar sem a cobrança de professores ou demais integrantes de âmbito pedagógico, visando respostas positivas nas notas e no quadro comportamental em sala de aula e nos demais espaços da escola. Perseguindo esse ideal, as escolas públicas afrouxaram as cobranças ao aluno, dando-lhe mais liberdade de assumir suas volições. Também, procuraram apresentar os conteúdos das diversas disciplinas contextualizando-os com sua realidade, buscando com isso seu interesse e acolhimento aos saberes apresentados. Por exemplo, os saberes que versam sobre assuntos de ampla extensão, são tratados na escola de forma mais regionalizada, tirando-lhe a amplitude de que necessitam. Os professores, na abordagem de temas exigidos por suas respectivas disciplinas, evitam tratá-los com a profundidade, por vezes a frieza e subjetividade que necessitam preocupados em não engendrar no aluno o desinteresse pela disciplina que leciona. Com isso, a disciplina Arte, na sala de aula, ficou quase que reduzida a temas e abordagens de linguagem popular, como, e, por exemplo, a cultura pop, street e o hip hop. Na Língua Portuguesa, quando aborda literatura, suas temáticas ficam quase sempre restritas a obra de autores que correspondam ao interesse imediato do aluno, a saber, aqueles que fazem parte das listas dos possíveis temas de um vestibular de âmbito estadual ou federal. Na Matemática, os cálculos, como uma maneira de estimular o aluno a resolução de problemas, visando o exercício e amplitude de seu raciocínio, perde espaço para uma matemática apenas de ordem prática e usual. Na filosofia, as efetivas questões de ordem lógica, subjetivas e metafísicas, são substituídas por debates sem a devida preparação do aluno. Com a redução da extensão dos temas abordados pelos professores em suas respectivas disciplinas, o aluno desse modelo de educação, perde a amplitude dos temas abordados, ficando reduzido apenas a alguns aspectos dos assuntos trabalhados em sala de aula. Sendo São Paulo uma cidade vocacionada a cultura e a arte, entre outras, esse aluno, que nas aulas de arte ficou confinado a linguagem pop, street e do hip-hop, não vê sentido em visitar os espaços culturais que a cidade oferece, porque, a diminuição da extensão dos conteúdos nas aulas de Arte, como também, História, Filosofia e Sociologia, impediu que ele adquirisse uma linguagem que o proporcionasse interagir com as diversas manifestações artísticas vivenciadas em locais públicos que a cidade oferece. Se atendo apenas ao seu contexto cultural, por ênfase do próprio ambiente escolar, que se prendeu a preocupação de contextualizar temas, não foi possível ao aluno, compreender as diversas linguagens de âmbito universal oferecidas em espaços públicos. Um quadro de Goya, Picasso, Velásquez, Monet, Dali, por exemplo, não apraz aquele que só se habituou, quando se fala em artes plásticas, a observar o grafite ou a pichação. Como também uma obra literária que exige do leitor um vocabulário mais rico, dificilmente estimulará, no aluno que não foi cobrado a buscar uma linguagem mais extensa, a leitura completa da obra. Isso sem falar nos domínios de outras linguagens oferecidas no ambiente escolar.

Com a adoção dessas medidas, os defensores desse modelo pedagógico, acreditavam que, com a liberdade conquistada, o aluno teria mais interesse pela escola, por perceber que ela não era uma afronta a sua liberdade e que os temas ali tratados tinham uma relação direta com sua vida. Porém, com o passar do tempo, pôde-se perceber, que a resposta dos alunos não ocorreu como era esperado pelos teóricos da educação. Além de, cada vez mais confinado ao seu ambiente territorial, por não adquirir uma linguagem mais ampla que o possibilite e o estimule e expandir seu universo existencial, o aluno, apesar de frequente na escola, não participa efetivamente do ensino aprendizagem. Por não ser cobrado, acostumou-se a vivenciar, no ambiente escolar, apenas práticas que lhe apetecem, independentemente das consequências geradas por sua realização. Na sala de aula, comumente, vê-se alunos entretidos com seus aparelhos celulares, mp3, mp4, ou conversando com seus colegas, sem o mínimo interesse pelos conteúdos apresentados – mesmo contando com o esforço do professor em preparar uma aula em sintonia com suas vivências. É clarividente o desestímulo do aluno que não sente a necessidade de responder com certo rigor as exigências da educação e de um comportamento mais adequado no ambiente do ensino aprendizagem. Desestimulados, os alunos transformam a sala de aula, em um ambiente de vivência de suas volições, manifestações essas que nada tem de proximidade com o acolhimento do conhecimento, de cultura, ética e cidadania. Percebe-se que a proposta educativa que estamos a comentar, que visava transformar o ambiente de ensino aprendizagem em um espaço libertário e o aluno em um sujeito autônomo, pelo contrário, cada vez mais o aprisiona na prisão da falta de linguagem cultural e da mediocridade e o distancia de sua autonomia, apenas possível, através da aquisição do conhecimento que o transformaria em um sujeito crítico -, em um cidadão lúcido, e, por conseguinte, responsável.

A verdadeira educação deve ser uma educação educadora. Ela não pode e não deve se abster de incitar o educando experienciar práticas e posturas que lhe darão maiores qualidades para se apresentar diante das exigências de uma vida social, - uma ampla sociedade globalizada, da solidão das suas escolhas e de sua doação cidadã. Como educadora, por vezes, a educação deverá exigir respostas e posturas adequadas, não por mero capricho ou autoritarismo, como na escola tradicional do período ditatorial, mas, como preparadora e incentivadora do aluno ao alcance do conhecimento que ele necessitará para uma vida saudável, culturalmente rica e dinâmica. Sabe-se que o incentivo a vivência de novas práticas, posturas e aquisições de conhecimento, em sua maioria, inicia-se com a cobrança, sabendo, porém, que esse conjunto de valores adquiridos, não ficam presos ao círculo vicioso cobrança/resposta, podendo transformar-se em prazer, como, e, por exemplo, o hábito da leitura, que geralmente nasce de uma cobrança e em muitos casos se torna um agradável hábito.

Depois de visualizar os caminhos trilhados pela educação pública, que adotou o modelo aqui comentado, faz-se necessário elaborar um projeto com a finalidade de redefinir novos caminhos para o alcance de uma educação de qualidade, sabendo que todo ponto, ou projeto a se chegar tem sua direção lógica, e, é essa direção lógica e coerente para o alcance de um projeto viável e ao mesmo tempo vigoroso, que devemos perseguir e trilhar. Com isso, alguns parâmetros devem ser estabelecidos, pois, se não desejamos ver a educação navegar a esmo, sem direção definida, devemos nós, professores, através de um diálogo franco, eliminando sofismas e soluções fáceis, como frases e textos de autoajuda tão amplamente difundidos nas palestras pseudo pedagógicas, definir o caminho que ela trilhará, para que possa efetivamente, através de suas práticas, formar pessoas autônomas e preparadas para a vida - nos mais variados contextos possíveis.

Lailson Castanha.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Educação relacional.


Educação relacional.

Discursos e homenagens dirigidos aos alunos concluintes da 3ª série do Ensino Médio/EJA, 1 semestre de 2011, da Escola Estadual Profª Carolina Cintra da Silveira.
Nesses discursos, percebe-se a vivência de uma relação real entre educadores e educandos, destacando a beleza de uma educação relacional, construída na efetiva experiência e na aproximação real entre professor e aluno. Essa efetividade relacional promove, na ambiência do ensino aprendizagem, uma vivência prazerosa, em que os afetos incitam nas pessoas participantes do processo, tanto educandos como educadores, responsabilidade afetiva e desejo real pelo progresso no saber e pela vividez da comunicação, abrindo espaço para a liberdade de expressão, chamada à reflexão e um convite a autonomia, destacando também, a alegria de todas as partes pela evolução e conquista do saber.
Educação real, só pode existir como uma educação relacional.

A inestimável conquista.

Boa noite premiados alunos da 3ª série G e 3ª série H do Ensino Médio.

Aqui na frente, fisicamente sou um. Porém no sentimento, de alegria, satisfação e esperança sou múltiplo, represento o sentimento de todos os professores que ao longo da trajetória no Ensino Médio, na Escola Prof. Carolina Cintra da Silveira, lecionaram à vocês.
Gostaria que introspectivamente, reflitam sobre alguns problemas que direciono a vocês, a saber:

O que quero?
O que preciso?
O que devo?
O que necessito?

Na caminhada existencial somos colocados diante de opções, que, a partir de nossos posicionamentos, traçarão o nosso futuro. Como seres humanos, somos seres em construção -, como diria o filósofo Mario Sergio Cortella – não nascemos prontos. Somos uma mistura do que escolheram e fizeram por nós o do que escolhemos e fizemos por nós mesmos. A partir de nossa maturidade, seremos o que escolhermos para nós. Portanto, ser um ser de opção, de livre arbítrio é uma das características que perfazem o ser humano.
Ao longo da trajetória existencial de vocês, muitas decisões foram tomadas. Decisões pautadas às vezes por meros desejos efêmeros ou caprichos pessoais – o que quero? - Pela força das circunstâncias - O que preciso? – Pela ética – o que devo? E pelo IMPRESCINDÍVEL – o que necessito?

Como seres humanos, somos instintivos, impulsivos, mas também, racionais e reflexivos. Nem sempre somos levados por nossos impulsos e instintos, e nem sempre por nossa razão ou por decisões tomadas a base de ponderações reflexivas. Porém, é certo que somos construídos com os tijolos produzidos por nossas opções, por nossas escolhas. Muitos preferem optar pela escolha de outros, ou seja, preferem deixar a angústia da opção pessoal na responsabilidade de outros, outros escolhem escolher junto com alguém, e alguns, escolher individualmente, a partir de um solitário recolhimento visando uma tomada de decisão acertada.

Independentemente da maneira em que vocês interpretaram a aquisição de conhecimento, ou seja:
como resposta a indagação: o que quero? – buscando o conhecimento para satisfazer um capricho ou a uma vaidade pessoal.

Como resposta a pergunta: - o que preciso fazer? Assumindo a busca do conhecimento como uma carência para enfrentar a vida prática e objetiva, por exemplo, para satisfazer as exigências do mercado de trabalho.

Como resposta ao problema: O que devo? – entendendo o conhecimento como um dever, uma obrigação pessoal, por exemplo, para servir de inspiração e de exemplo aos filhos ou para você mesmo não se sentir cobrado pela sociedade.

Como resposta ao problema: O que necessito? Interpretando o conhecimento como uma essencialidade, como uma necessidade fundamental ao o ser humano.

Independentemente da maneira em que vocês buscaram o conhecimento, boa parte desse conhecimento adquirido nesse um ano e meio – fizeram de vocês pessoas mais ricas, mais inteligentes e mais dignas, sendo que esse acréscimo de dignidade foi conquistado pelo fato de vocês, deixando o comodismo, a comodidade de lado, agirem de maneira autônoma em favor de si próprio, de sua própria pessoa.

Parabéns, esse bem adquirido ninguém pode lhes roubar. Essa conquista é para toda a vida. Não lhes servirá como meio de exercer arrogância, pelo contrário, lhe trará mais humildade, por que agora vocês se aproximam dos doutos ignorantes - doutores em ignorância como já afirmara Nicolau de Cusa. Conhecendo um pouco mais, vocês puderam perceber quão vasto é o conhecimento e quão distante vocês estão de sua totalidade, vocês puderam se apropriar do conhecimento socrático “Só sei que nada sei”. Esse é o privilégio do sábio. Saber que nada sabe – já é saber de alguma coisa, o que o leva a sempre buscar conhecimento. Ao passo que, aqueles que sem buscar conhecimento se arrogam sabedores – efetivamente nada sabem – pois, nem conhecem sua própria ignorância.

Disse Mounier: "O que não age não é!" Assim, buscando conhecimento, vocês podem, enfaticamente, com Descartes afirmar: Penso, logo existo – ou com outras palavras: eu sou um ser racional! – Pois na busca do conhecimento estão a agir em prol da razão. Estudando alimentam o eu racional, ou seja, agem em prol da intelectualidade, da humanidade, da racionalidade.

Não sei se perceberam, buscando conhecimento, em parte, responderam ao problema: O que necessito? – Pois conhecimento é uma necessidade vital ao ser de razão. Portanto, a atitude de vocês em buscar conhecimento foi uma atitude em prol do IMPRESCINDÍVEL, do fundamental, do essencial.

Por isso, bem aventurado são vocês.

Com muita alegria, os felicito pela inestimável conquista:

O saber.

Lailson Castanha
Professor de Filosofia na rede pública do Estado de São Paulo.

Caminhada, relação e aprendizado.

O primeiro dia de aula; o primeiro amor; o primeiro beijo; o primeiro emprego; o primeiro salário; o primeiro filho. Nossas vidas são repletas de primeiras vezes. E foi com grande alegria que eu tive minha primeira experiência em sala de aula com vocês.
Acredito que todos aqui perceberam minha timidez nos primeiros dias de aula. Eu poderia saber sobre períodos literários ou sobre colocação pronominal, mas não sabia como lidar com pessoas. Pessoas que possuem uma personalidade. Cada um aqui é uma pessoa única, um ser com suas próprias dificuldades e suas próprias aptidões. E cada um me olhava de uma maneira diferente no primeiro dia de aula.
Eu possuía o conhecimento enciclopédico – dos livros que li, das aulas que assisti – mas todas as teorias sobre a profissão docente não tinham me preparado para a prática. E lá estava eu, em março, olhando para personalidades distintas com as quais eu tinha o dever de instruir para uma percepção maior da língua portuguesa.
Nestes poucos meses juntos eu não só ensinei, eu aprendi. Aprendi coisas valiosíssimas com vocês que ultrapassam o ambiente escolar. Eu entrei nesta relação com meu conhecimento acadêmico, vocês com suas experiências.
Hoje, quero agradecer a vocês. Conseguimos cumprir esta tarefa juntos. Hoje vocês se formam no Ensino Médio. Eu, com a ajuda de vocês, hoje, sou uma professora mais confiante.
Agradeço, também, aos meus colegas e a direção, pelo apoio e a troca de experiências. Aos funcionários da secretária, da cozinha e da limpeza. Juntos somos uma família.
E para que vocês percebam um pouco da professora que os acompanhou nestes poucos meses, eu quero dizer: VALEU, turmas do 3º EJA.

Elizangela Carneiro Lobo
Aluna de Letras da FFLCH – USP e
Professora da Rede Pública Estadual.

Parabéns, aos persistentes.

O sucesso é daqueles que batalham, e com toda certeza vocês são merecedores desse sucesso.
Parabéns por essa conquista, e que esta conquista impulsione outras buscas e abra novos horizontes, apontando para um futuro luminoso.
Parabéns a todos que se esforçaram, que buscaram cada dia o seu sonho e que merecidamente venceram, e que hoje alcançaram uma pequena parte que ainda podem conquistar com a força de vontade e a persistência em que trouxeram vocês hoje aqui.

Esperamos que esta vitória seja o inicio de muitas outras conquistas.

E que DEUS abençoe a cada um de vocês.

PARABÉNS!

Profª Adriana Lacerda.
Professora de Biologia na Rede Pública do Estado de São Paulo.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Chuva e não


Chuva e não (II)
Sidney Wanderley

Há dias em que chove poesia.
Dias em que pinga.
Dias em que não.

Cautela para os primeiros.
Atenção para os segundos.
Dos últimos, o áspero
aprendizado do silêncio,
a dura ração da recusa.

Alheios a chuva e poesia,
os dias prosseguirão.

Sidney Wanderley.
Poeta alagoano; nasceu no município de Viçosa
em outubro de 1951. Professor de Biologia.
Publicou vários livros, entre eles:
Poemas post-húmus (1991); Nesta calçada (1995); Quisera ter a beleza que (1997); De Riacho do Meio a Viçosa de Alagoas (1998); Na Pele do Lago (1999); Desde Sempre (2000); Três Vozes Nordestinas (2001); Entropia (2004); Chuva e não (2009)

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WANDERLEY, Sidney. Chuva e não. Maceió: Catavento, 2009.
Foto:Sidney Wanderley

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Semideuses


Semideuses
.Fernando Pessoa em seu poema, ou melhor, Álvaro Campos, um de seus heterônimos, insatisfeito e sincero explodiu: - Só eu sou ignorante, desprezível, inconstante e vil,
Todos os outros-desabafou, irônico- são capacitados, seguros e perfeitos!

Mas, contendo seu repúdio, não ousou espernear, de fato, diante da multidão engomada de hipócritas e demagogos da ambiência na qual vivia. E com a astúcia de um poeta, calou-se por hora, para dar voz ao personagem, que expôs de forma explícita mas poética, a própria raiva que sentia pela vida.

Eu, todavia, sigo em passos lentos de aprendiz, dando voz ao papel impassível, que exporá meus pensamentos de inconformismo e levará com elegância minha denúncia. E por meio dele, deito e rolo; grito e esperneio; protesto com o dedo em riste contra todos em cuja cabeça lhes couber este chapéu. O chapéu da altivez, da arrogância, da presunção de sentirem-se deuses, desprezando e humilhando todos que se apeguem ao direito de serem, simplesmente, seres humanos. Pretensos deuses que infestam nossa sociedade e entronizam-se em nosso meio independentemente da classe social. Espalham-se como praga arruinando todo lugar por onde passam, e contaminam com rapidez os bons costumes, deixando seus vírus nas mentes pequenas, que, aos poucos manifestam os sintomas: sorriso amarelo, olhar frio, peito estufado, andar altivo, nariz empinado, fala áspera e muito medo de se aproximar do próximo.

Com o passar do tempo, essa doença chamada arrogância, vai se enraizando no coração do homem até gerar um mal terrível conhecido por ego que, se cresce, atrofia a mente e seca a alma. E nesse estágio, o ser humano não consegue mais viver no meio da sociedade comum. Ele isola-se do resto do mundo, incapaz de comunicar-se com alguém, porque o ego é uma doença degradante que deixa o cidadão surdo, cego e demente!

Supostos representantes divinos que infestam nossos templos e envergonham os que reconhecem nossa condição de reles mortais. Enchem o peito de vanglória como quem enche o pulmão de ar, e sem piedade arranca de nós o direito de manquejar, titubear, fraquejar, temer e tremer. Tiram-nos o direito de ser o que somos: pó e nada mais...

Deuses! Que piada! Não passam de meros humanos derrotados e trêmulos diante da falta de coragem de admitir suas fraquezas.
Coragem é isso!-diga aí Álvaro Campos; Fernandos e Pessoas; os inconformados e saturados com tanta hipocrisia. Digam aí medrosos, imperfeitos, fracos assumidos, valentes seres humanos que dão a cara á tapa, mas não forjam a verdade: NEM TODOS SABEM SER SERES HUMANOS!

Daí esse mundo decaído e feiamente frio... Um mundo cheio de mortos que pensam estar vivos; ossos e peles que andam em círculos, absortos e indiferentes por não possuírem alma. Pessoas de todos os cantos de sentimentos embutidos e mascarados; gente que chora ás escondidas pra que não lhe vejam os olhos inchados; gente que morre engasgada, mas nega-se á cuspir as mágoas que a sufoca; gente que prefere a ilusão de um sorriso á uma lágrima sincera; que se conforma com tapinha nas costas mas não encara um abraço amigo; gente que vive num mundo onde prêmio é garantido á quem melhor atua; num mundo onde não se vive, se representa; num mundo de gente que tem vergonha de ser gente.

Desejo um mundo onde os seres humanos parem de exigir dos outros o que não são. Um mundo que me aceite com todas as minhas imperfeições e não espere de mim o que não posso dar; um mundo que me deixe ser apenas eu, e me livre do fardo da perfeição.
Quero um mundo onde eu possa chorar sem ser criticado, falar sem ser julgado, chutar o balde sem ser recriminado, abrir o coração sem ser descriminado, usar o livre-arbítrio sem ser reprimido, seguir a minha vida sem ser constantemente cobrado.

Detesto me sentir um patinho feio, uma formiga fora do formigueiro, um peregrino sem pátria, um extraterrestre no planeta onde nasci.
A terra precisa voltar a ser a morada dos homens e deixar de ser a morada dos deuses. O mundo clama por homens, a Igreja clama por homens, Deus clama por homens !
Não temos mais amigos, porque cada um se julga perfeito demais para suportar as fraquezas do outro; forte demais pra aturar os fracos; sábios demais pra se juntar a pecadores...
E assim, os clubes se esvaziam, as escolas diminuem as turmas, as igrejas agregam mais bancos que gente, e ohomem vai ficando cada vez mais só.

Vivemos num mundo intolerante e impaciente, onde cada qual vê o outro como concorrente. Um mundo onde cada pessoa abarca o que lhe convém e vê todo o resto como supérfluo e sem valor algum; e nesse resto, infelizmente, vão centenas de seres humanos que a desumanidade joga no lixo da sua estupidez.

Pobres tolos! Tomam nossos púlpitos como arautos divinos com o coração repleto de soberba e vazio de Deus. Usam a Bíblia para abrir os olhos de seus ouvintes, quando os próprios não enxergam a verdade. Repugnam a fraqueza humana sem ao menos se dar conta que ela é a chave para o poder de Deus se fazer perfeito.
Rejeitar a fraqueza é despir-se da humanidade. E, se Deus quisesse trabalhar com seres poderosos, certamente teria recrutado seus anjos, no entanto, Ele preferiu aos homens. –Meu poder-esclareceu a Paulo- se aperfeiçoa na fraqueza.

Ao homem foi-lhe imposto um limite e quem tentar transpô-lo há de cair vencido.
O ser humano não consegue carregar o próprio fardo da humanidade, tentar ser Deus, acredite, dá muito mais trabalho.

Leila Castanha
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Imagem: Hércules juntando duas colunas: A união do mundo. Do artista e antropólogo espanhol Ginés Serrán Pagán.

SALVE, SALVE-NOS!


SALVE, SALVE-NOS!
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Creio que não sou a única a reparar que nossos compatriotas mal sabem cantar o hino nacional brasileiro. Pensei por décadas que era puro desinteresse de uma gente sem apego algum a pátria que o acolheu.
Até que um dia, ao tentar eu mesma, cantar de forma racional o nosso hino pátrio, ocorreu-me que o motivo veraz pelo qual muitos não o conhecem é por não compreenderem seu significado.
O extensivo uso de hipérbato, por exemplo, contribui, com certeza, para que grande número de mentes simples cante sem qualquer encanto: “Ouviram do Ipiranga ás margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante” , quando, talvez, vissem algum sentido se cantassem mais diretamente: “às margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”. Não que isso fizesse muita diferença, mas pelo menos, falaríamos um português ao nível nacional.
Contudo, devo salientar que este não é o único “caroço” encontrado em nosso hino. Na verdade, as letras mais inteligíveis nos desanimam ainda mais de aprender essa bela composição de nosso ilustre Duque Estrada, que, cheio de boas intenções, visionou em relação ao Brasil uma pátria de liberdade, igualdade e paz. Pena que essa terra, muitos brasileiros não a tenha conhecido, e por isso, nem todos podem cantar com verdade tão belos versos!
No entanto, como bons patriotas, os brasileiros, servis e submissos, em voz uníssona cantam em louvor á pátria mãe, á despeito de seus desencantos. E cada qual a seu modo, vão fazendo como podem: Ora cantando, ora improvisando. Mas, certo é, que todos tentam! Mesmo aos tropicões, pausando disfarçado quando a letra lhe foge á memória (ou talvez nunca estivessem lá) ou, dando espaço ao som instrumental para que lhes encubra as entradas bruscas fora de compasso. E assim, aos “trancos e barrancos”, o Brasil abre o peito em canto nacional, seja por orgulho ou por uma oportunidade, ao menos nesse momento, de sentirem-se realmente brasileiros.
E em meio ao coro seleto dos “alguéns” e “ninguéns” do nosso Brasil, quais estátuas de pedra, indiferentes a diferença gritante de classes sociais, escondem-se os líderes de nossa pátria verde-amarela; mais amarela que verde, devido à fome de comida e de justiça que sofre há tempos o nosso país. E o verde, só ficou no pano de nossa bandeira, pois a politicagem destruiu o verde-louro de nossas esperanças, e as queimadas, aos poucos, vão fazendo nosso Brasil virar cinza.
Mas lá estão nossos regentes com suas hipocrisias e seus bolsos e até cuecas recheadas com nosso dinheiro, e mesmo assim, fitam seriamente nosso lema de “ORDEM E PROGRESSO”, como se nossa terra estivesse em plena ordem e nossa pátria avançando progressivamente.
E, ainda assim, com a mão levada ao peito, erguem suas faces de cedro e cantam como surdos, sem poder ouvir a própria voz: “E se ergues da justiça a clave forte...”- Entoam indiferentes as palavras da música.
Mas, certamente, entenderiam o espírito da letra entoada, se tirassem a mão do peito e por um instante levassem-na à consciência.
Mesmo assim, feio ou bonito, o Brasil canta! Seja na voz do eloquente cidadão, que ostenta seu português refinado, encantando os ouvintes enquanto ávido canta: ”Ouviram do Ipiranga as margens plácidas...”, ou na voz enrustida dos “Zé Ninguém” “desta terra mais garrida”, cujo português tão pobre quanto eles, saltam de suas bocas com a mesma dificuldade com que enfrentam a vida, mas com o mesmo vigor de um coração apaixonado: “Ouviram do Ipiranga- soltam a voz, orgulhosos - as margens “prácidas”...E aí, nossos irmãos periféricos, cantam erradamente, destacando-se entre as vozes polidas e buscando sentir-se parte desse povo heróico .
E assim, segue a cantoria nacional, apresentada por um gigantesco coral, de entendidos e leigos, de doutores e indoutos, de ricos e pobres. E longe da sabedoria escolástica, trazendo na bagagem apenas o conhecimento comum adquirido no dia-a-dia, o povo brasileiro da ralé, a classe baixa da sociedade, não se cala, mas continua cantando e improvisando o nosso hino nacional, na humilde concepção de que, sendo hino da nossa pátria, todo cidadão reconhece sua letra.
E assim, de mãos ao peito, cantam os periféricos de nossa pátria, que apesar de nem sempre tê-los acolhido sobre seu chão, um dia há de recebê-los sob ele:
“ó pátria amada, idolatrada, salve, salve-nos!”

Leila Castanha
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